Aurélio Edgar Gonçalves de Brito
Passeata homenageando o Missionário morto em DíliA Missão das Nações Unidas no Timor Leste (Unmit) confirmou nesta segunda-feira a morte de um missionário brasileiro, assassinado por um grupo de jovens em meio à violência dos dois últimos dias na capital, Díli.
O missionário brasileiro, Aurélio Edgar Gonçalves de Brito, 32, a serviço da Igreja Evangélica Assembléia de Deus mineira, foi morto ontem, domingo, 19 de novembro, quando voltava do culto, com sua irmã, a missionária Elizama Gonçalves Brito, 31, tornando-se a primeira vítima estrangeira desde o início da crise político-militar em Timor-Leste, em Abril passado.
O primeiro-ministro timorense, José Ramos-Horta, manifestou-se hoje "triste e indignado" com a morte de um cidadão brasileiro, a pri meira de um estrangeiro, ocorrida domingo à noite em Díli.
"Foi com grande tristeza e indignação que tomei conhecimento do falecimento do cidadão brasileiro Edgar Gonçalves Brito, de 32 anos, ocorrido domingo à noite em Díli, vítima de crime", lê-se no comunicado enviado pelo gabinete de Ramos-Horta.
Depois de salientar que contactou o embaixador do Brasil em Díli, António de Souza e Silva, para lhe transmitir "sinceras condolências", extensíveis à família do cidadão brasileiro, um pastor evangélico, Ramos-Horta anunciou que tenciona visitar hoje à tarde (hora local) a irmã da vítima.
"As autoridades policiais iniciaram de imediato investigações no sentido de encontrar os responsáveis de tão horrendo crime. Gonçalves Brito, cuja vida foi tragicamente tirada, era um missionário Protestante da Assembleia de Deus, uma pessoa unanimemente respeitada e cujo trabalho em Timor-Leste, ensinando Português e prestando assistência social em (distrito de) Viqueque, era um forte símbolo da amizade existente entre o Brasil e Timor-Leste", afirmou.
Trata-se de uma notícia trágica. A morte de uma pessoa querida que trabalhava muito, que veio para este país para ajudar a trazer a paz para este povo e que foi vítima de pessoas que têm muito ódio dentro de si.
A morte de Aurélio Edgar, ocorreu quando grupos de jovens atacaram o carro em que seguiam os dois irmãos, na zona entre os bairros de Akadiro Hun e Bidau, próximo ao Hospital Guido Valadares. Ele foi retirado do carro pela gang e assassinado na frente da irmã e de três crianças.
Mesmo depois de ferido, ele ainda conseguiu dirigir até uma casa de outros brasileiros, que o tentaram transportar até ao Hospital Nacional, mas foram impedidos devido ao aumento da confusão e barreiras formadas por pneus, levantadas por grupos de jovens.
Transportado para a Clínica do Bairro Pité, o corpo chegou já sem vida.
"Era o projeto de vida dele, o que escolheu. Ele tinha muita consciência do que estava fazendo. Esse era o momento que as pessoas mais precisavam dele", relatou nesta segunda, Eglais Gonçalves Brito dos Santos, 33 anos, sua irmã mais velha.
Ela lembrou que em maio passado a residência do irmão em Timor chegou a ser atacada. Foi sugerido para que ele voltasse ao Brasil. Ele não concordou. Seu coração dizia que quem está em um país para uma missão, como ele estava, não tinha sentido ir embora no momento em que o país mais precisava dele.
No início de 2006, a Igreja em Belo Horizonte pensou em enviá-los para novos projetos na China ou Indonésia, mas os irmãos preferiram ficar em Timor.
Os familiares do missionário da Assembléia de Deus, que moram em Belo Horizonte, aguardam a definição sobre a autópsia no corpo do jovem para que possam preparar o sepultamento. A intenção é que ele seja enterrado na capital mineira.
"No Timor, eles cuidavam de três crianças. A mais velha com 12 anos de idade. São crianças que perderam o pai e mãe na guerra, Alguns brasileiros tentaram transportá-lo até um hospital, mas foram impedidos devido à confusão nessa parte da cidade. O missionário foi levado para uma clínica, mas já chegou sem vida".Relatou o pastor Moisés Silvestre, vice-presidente da Assembléia de Deus em Minas Gerais.
Pr. Silvestre descreveu o Missionário Aurélio Edgar como um jovem carismático e apaixonado pela causa. Filho de um missionário pioneiro da Assembléia de Deus no norte de Minas, ele era formado em Teologia e morava em Timor Leste há um ano e sete meses. Edgar trabalhava como voluntário na área de alfabetização de crianças, com classe cerca de 70 alunos. Sua irmã, Elizama, 31, já está no país há três anos e meio e atua como enfermeira junto à Cruz Vermelha.
O pr. Silvestre disse que Edgar já tinha uma passagem para o Brasil reservada para o dia 07 de janeiro de 2007. Ele e a irmã tinham decidido visitar a família depois do Ano Novo. Ambos estavam apaixonados pelos projetos que estavam desenvolvendo lá"
Pr. Silvestre alega que o assassinato de Edgar não teve nenhuma relação com seu trabalho missionário. "A morte dele é fruto da violência que impera no país, que se reconstruindo. "Há várias gangues de jovens que estão marcando territórios. Quem passar está sujeito a esse tipo de problema", confirmou.
Segundo o pastor Silvestre, essa foi a primeira vez que um integrante da Assembléia de Deus mineira morreu em missão. A Igreja Assembléia de Deus de Belo Horizonte, de acordo com o pastor, tem 168 missionários trabalhando no exterior.
A Igreja AD de BH prometeu dar toda assistência à família. A mãe, aposentada Maria Antônia Gonçalves de Brito, 61 anos estava muito abalada, sob efeitos de sedativos , e outros dois irmãos de Edgar moram num prédio no bairro Nova Gameleira, Região Oeste da capital mineira.
O governo mineiro divulgou nota informando que já encaminhou nesta segunda, ao Ministério das Relações Exteriores, pedido de apoio especial à família do missionário. Conforme a assessoria do Palácio da Liberdade, o governo mineiro recebeu garantias nesse sentido do embaixador Manoel Gomes Pereira, diretor da Comunidade de Brasileiros Residentes no Exterior e da Embaixada do Brasil em Díli.
"O corpo está no Hospital Nacional em Díli (capital do Timor) e vai ter que ser preparado na Austrália, já que em Díli não há estrutura para fazer isso. Queremos que tudo seja resolvido rápido para que o corpo venha logo para o Brasil," afirmou a irmã Eglais Gonçalves Brito dos Santos.
Ao contrário do que foi divulgado por alguns veículos de imprensa, ela explica que ele não foi morto por um tiro e sim por um objeto pontiagudo quando voltava para casa à noite com amigos. Já foi feita a autópsia, e nela foi constatado não ter sido um tiro.
Aurélio era formado em Teologia, morava no Timor Leste há um ano e sete meses e trabalhava como voluntário em projetos sociais. A mãe dele está sob efeito de sedativos desde que recebeu a notícia. Quem ligou de Díli foi Elizama de Brito a outra irmã e missionária no Timor Leste, há três anos.
Ela reafirmou que a família está conformada com a morte. "É uma dor muito grande, mas foi uma permissão de Deus, enxergamos isso assim. Deus age da forma que é correta, e dá força para a gente aceitar.
O importante é que ele estava fazendo o que mais amava fazer, que era ajudar, fazer algo pelas pessoas de lá, que são muito carentes", disse. Elizama ainda contou que o missionário tinha projetos para ficar mais tempo no Timor Leste.
Vamos orar pela família Gonçalves de Brito e pedir ao Senhor que abençoe o Timor Leste com a Paz e muitas salvações de almas. Que o diabo seja repreendido.
autoria: joão cruzué
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