Durante o Fórum, realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde (MS) apresentou os dados do Inquérito Nacional sobre Tabagismo. A pesquisa aponta uma diminuição no consumo de tabaco entre os brasileiros nos últimos 15 anos. Em 1989, a média de prevalência era de 29%, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada pelo IBGE. Atualmente, este índice é de 20%, conforme o inquérito feito pelo MS.
Também foram mostrados os resultados do Vigescola, pesquisa a respeito dos hábitos relacionados ao tabaco de jovens entre 13 e 15 anos. A pesquisa completa sobre tabagismo no Brasil vai estar disponível nos sites: www.saude.gov.br e www.inca.gov.br.
Para reforçar a campanha antitabagismo, o Ministério da Saúde assinou portaria incluindo o tratamento da dependência do tabagismo no âmbito da atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS). Quem desejar parar de fumar, vai receber apoio médico e medicamentoso na rede do SUS. O MS vai investir cerca de R$ 5 milhões na compra de adesivos e goma de mascar antitabagistas, além do medicamento cloridrato de bupropiona.
Em parceria com o Ministério da Educação (MEC), o MS criará um grupo de trabalho para desenvolver uma proposta de prevenção ao tabagismo e promoção da cessação de fumar por meio da TV Escola.
O Brasil foi escolhido pela Organização Mundial de Saúde como sede das atividades dessa data em reconhecimento ao trabalho no controle do tabagismo, no combate à fome, à pobreza e na promoção da eqüidade e do desenvolvimento sustentável.
Pesquisa identifica hábitos dos fumantes no Brasil
No Brasil, cerca de 200 mil pessoas morrem por ano devido ao tabagismo. Dados coletados em 16 capitais brasileiras entre 2002 e 2003 pelo Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), detalham o consumo de tabaco entre adultos e jovens.
A pesquisa mostra que o tabagismo no país tem apresentado tendência de queda. A Em 1989, o Rio de Janeiro apresentava índice de 30% de fumantes. Em 2002, a taxa caiu para 17%. Nesse mesmo período, Recife passou de 28% para 18% e o Distrito Federal, de 26% para 17%. O inquérito aponta que o consumo de tabaco concentra-se nas capitais de regiões mais industrializadas e atinge, principalmente, a população de menor escolaridade e renda.
A maior prevalência de uso regular de cigarros foi encontrada em Porto Alegre (25,2%), seguida de Curitiba (21,5%), Belo Horizonte (20,4%) e São Paulo (19,9%). As menores prevalências são observadas em Aracaju (12,9%), Campo Grande (14,5%) e Natal (14,7%). De uma forma geral, as cidades mais urbanizadas apresentam maiores prevalências. A exceção é o Rio de Janeiro.
Na capital carioca, o número de fumantes regulares vem diminuindo. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada pelo IBGE em 1989, mostram que a prevalência do tabagismo na cidade foi estimada em cerca de 30%. Em 2001, inquérito realizado pelo Inca aponta uma prevalência de 21%. No estudo atual, foi observado o índice de 17,5% fumantes.
Com relação à renda, a Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE de 2002/2003 mostra que as famílias com orçamento mensal menor ou igual a R$400,00 gastam quase cinco vezes mais da renda familiar com tabaco do que as famílias com renda acima de R$ 6.000,00. Também mostra que nas famílias com renda mensal menor ou igual a R$ 400,00 as despesas com fumo são quase duas vezes maiores do que o despendido com educação.
O preço do cigarro no Brasil, considerado o sexto mais barato do mundo, é outro estimulante para o aumento de tabagistas. Os valores reduzidos dos derivados do tabaco são possíveis devido ao baixo custo da produção diretamente ligado à exploração da mão-de-obra da fumicultura. Hoje, mais de 500 mil famílias brasileiras trabalham na lavoura do fumo. Todos estes fatores alimentam a relação entre tabaco e pobreza no consumo e na produção de cigarros.
A pesquisa aponta que, dos 23.457 entrevistados, 10.175 são do sexo masculino e 13.282 do feminino. A prevalência de tabagismo continua maior entre os homens em todas as capitais pesquisadas. Porto Alegre (28,2%), Belo Horizonte (26,1%) e Florianópolis (24,5%) apresentam os maiores índices no que se refere ao consumo masculino de tabaco. Em relação às mulheres, Porto Alegre (22,9%), Curitiba e Florianópolis (18,9%) lideram o ranking.
Apesar do índice de fumantes ser maior entre os homens, é entre as mulheres que têm aumentado as taxas de mortalidade por câncer de pulmão. Os pesquisadores acreditam que esse fato está associado à introdução tardia do hábito de fumar entre a população feminina. Nos últimos 20 anos, tem crescido o número de fumantes do sexo feminino. Entre os homens, este índice apresenta tendência estável a partir da metade da década de 90.
Jovens - O inquérito sobre tabagismo entre escolares de 7ª e 8ª séries do ensino fundamental e da 1ª série do ensino médio (Vigescola), realizado em 11 capitais brasileiras, acusa um percentual alto de experimentação de cigarros entre jovens de 13 a 15 anos. Em Porto Alegre, Vitória, Goiânia e Boa Vista, aproximadamente 70% dos jovens experimentam fumar com 13 anos ou menos e em Curitiba, a experimentação precoce chega a quase 80%. O percentual de fumantes regulares nesta faixa-etária varia de 21% em Porto Alegre a 10% em Vitória.
O impacto da mídia e a influência de pais fumantes são alguns dos aspectos que influenciam os jovens a se tornarem tabagistas. Dos entrevistados, cerca de 87,3% dos adolescentes disseram ter visto anúncios pró-tabaco nos últimos 30 dias. Entre os que têm pais que fumam, o índice de filhos fumantes varia de 66,4% em Porto Alegre a 42,4% em São Luís.
Outro agravante é o acesso fácil ao produto. Nas capitais estudadas, cerca de 40% a 50% dos escolares relataram que compram cigarros em loja, botequim ou vendedores ambulantes".
.