sábado, 12 de abril de 2014

A Páscoa e o discurso Papa Francisco

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Papa Francisco
João Cruzué
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Uma coisa devo admitir: quem cuida da assessoria de imprensa do Vaticano é um profissional muito competente. Tenho visto o resultado disso desde a visita do Cardeal Jorge Mario Bergoglio na Jornada Mundial da Juventude. Na verdade, antes, quando desde a fumaça branca o foco da imprensa foi conduzido para a "simplicidade" do novo Papa. Não creio que este atributo seja tão forte quanto a capacidade de Bergoglio tem de ser  pragmático. 

A maior vulnerabilidade da Igreja Católica no começo do Terceiro Milênio tem sido os padres pedófilos. Não poucos, como disse o Papa, que depois corrigiu para muitos. Milhares. Fato, infelizmente, comum, principalmente no Brasil. Aqui a consciência do povo não é tão sensível quanto na Europa e nos Estados Unidos. Lá o bicho pega. 

Quando Francisco veio à imprensa nesta véspera de Domingo de Ramos para pedir perdão em nome da Igreja Católica pela dor que os vigários pedófilos causaram, ainda que o fizesse comovido e perturbado, não surtiu efeito do outro lado. 

E não surtiu porque as famílias dos agredidos e abusados disseram que não serão apenas com "palavras" que a Igreja Católica vai apagar um silêncio de mais de 50 anos de abusos. Além das palavras, cobraram justiça. Levar a processo cada crápula que segurou um criança nos braços não como um  gesto de amor, mas para tomar dela sua pureza e sua honra.

O testemunho e atitudes do Papa Francisco têm feito bem à imagem da Igreja Católica. Mas como este gesto do pedido de perdão aconteceu à frente de uma câmera e um microfone, sentado confortavelmente em um trono, para mim isso só têm um nome: PRAGMATISMO. O foco concentrado na solução imediata da péssima imagem da Igreja Católica, herdada de um passado onde os antecessores jogaram a pedofilia debaixo do tapete e fizeram silêncio contra a dor daqueles que não conseguiram esquecer os abusos que sofreram.

Se Francisco fosse mesmo autêntico, e não um produto artificial para consumo midiático, teria feito diferente. Ido até uma das famílias com crianças abusadas por sacerdotes católicos, para pedir perdão de joelhos. SEM IMPRENSA, SEM FOTO, SEM MICROFONE E FORA DA PÁSCOA. 

Como evangélico que sou, não estou fazendo a Igreja Católica de vidraça. Há pastores e crentes vagabundos que abusam de crianças da Igreja Evangélica. Mas eles são poucos. Não são aos milhares, nem as dezenas de milhares como na Igreja Romana. A pedofilia não é um pecado recorrente na Igreja Protestante, porque os pastores são homens que se casam. E casam-se porque Pedro era casado.

Para mim, o pedido de perdão do Pontífice católico foi planejado por sua consultoria de imprensa. Ficou técnico demais. Tão "verdadeiro" quanto uma nota de 30 dinheiros.





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