domingo, 27 de agosto de 2017

Voto evangélico e a mudança para o sistema distrital misto


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Voto Evangélico
Por: João Cruzué

Sempre que uma pauta negativa fustiga os maiores políticos do Brasil, um balão de ensaio é lançado na mídia. Se colar, colou. Este é meu entendimento. Dilma tentou isso, há uns dois anos e agora, quando a temperatura da chapa esquentou muito, o assunto requentado da "reforma política" está aí tomando conta da pauta. Se mudar alguma coisa, embora a chance seja mínima, as mudanças podem prejudicar a eleição de candidatos evangélicos.

O fator decisivo para uma eventual mudança é o dinheiro de campanha. É muito comentado (vide Reinaldo de Azevedo) que em tempo de falta de dinheiro para custear campanhas, o "as seitas e o crime organizado" é que se darão bem.

Eu sei que pouco crente sabe. O sistema de voto que temos hoje para cargos legislativos se chama voto proporcional. Por este sistema, os partidos fazem coligação. A coligação recebe um total de votos - votos em nome dos candidatos + votos na legenda. O total de votos é dividido pelo quociente eleitoral. Esta conta dá o número de candidatos eleitos. Os mais votados na coligação ganham as vagas.

Principal defeito do sistema de voto proporcional: Você vota em um evangélico, e é possível que seu voto vá eleger um ateu. A recíproca também é verdadeira: alguém vota em um ateu e acaba elegendo um evangélico. O que também ocorria: políticos "espertões" chamavam um artista para ser um puxador de votos. Exemplo: O palhaço Tiririca. Com os votos recebidos ele elegeu sozinho outros 2 ou 3 candidatos. O evangélico só se dava bem neste negócio se ele fosse bom de voto. 

Há muitos outros sistemas de voto. Vamos falar de dois o tal distritão e o distrital misto.

O sistema distritão funciona assim: Na eleição para cargos do Legislativo não há coligações; leva a vaga quem tiver mais votos. Se este sistema for o escolhido, é o mais fácil de ser entendido pela população. Para os evangélicos ele, aparentemente, é vantajoso porque o candidato pode receber votos dentro de todo estado ou do município. 

O sistema distrital misto  o eleitor voto duas vezes para cargos do Legislativo. Uma vez no candidato da sua região (distrito) e outra vez em uma  lista fechada elabora pelo partido. 

Se a região tiver muitos candidatos fortes, um evangélico nunca irá ganhar, porque seus votos vêm da minoria da sociedade. Eleitores de outras regiões do estado (distritos) não podem votar nele. Se votarem, o voto vai ser anulado.

Chamo a atenção para outro ponto. Os candidatos escolhidos pelos líderes das Igrejas Evangélicas, mormente, da própria família deles, podem ter problemas. Uma Igreja que elege seus candidatos com os votos de todo estado, agora não terá estes votos. Somente os votos da região (distrito) é que serão válidos. Assim, se o filho/filha do Pastor Presidente não tiver a simpatia dos crentes da região, nunca será eleito(a).

Assim, as Igrejas terão que entrar em acordo nos distritos onde seus candidatos tiverem mais chance de ganhar. Do contrário, qualquer organização com mais jogo de cintura, leva a vaga do legislativo. Então, o que poderia acontecer seriam coligações entre lideranças das igrejas em lugar das coligações entre partidos. As campanhas dentro dos distritos seriam muito mais acirradas. Diria que chegariam ao sistema p2p (porta a porta).

Outra coisa dentro do sistema distrital misto. O candidato malandro que manda no partido, o corrupto, estaria com o nome dentro da lista fechada. Em um país onde a boca de urna é uma prática criminosa tolerada, muitos corruptos poderiam ser eleitos na lista fechada, porque há muita ignorância e pouca informação sobre assuntos políticos na sociedade brasileira.

Sinceramente?

Acho que este assunto de reforma política é só para tapar o sol com a peneira. A corrupção e a vagabundagem de muitos políticos tem se tornado assunto de terceiro plano com esta pauta de reforma que emplacou na mídia. Pessoalmente, na atual circunstância, ainda prefiro o sistema que temos hoje - o de voto proporcional.











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